O radiojornalismo socioambiental de Paulina Chamorro

Imagem: captura de tela – Episódios 101 ao 123 do podcast Vozes do Planeta estão no serviço de streaming Spotify
Roberto Villar Belmonte*

O podcast Vozes do Planeta, apresentado pela jornalista Paulina Chamorro, chegou em março ao Spotify e está com 23 episódios disponíveis.

Trata-se do primeiro podcast de jornalismo ambiental no formato de entrevista a chegar ao serviço de streaming. O segundo é o Não tem Fora, do jornal Correio do Povo, com apenas um episódio. O podcast mais antigo, o de André Trigueiro, que já tem cem episódios, é um comentário especializado, não segue o formato de entrevista.

O programa de Chamorro não começou no Spotify. Ele já tem 123 edições. Sua estreia foi em maio de 2016 na Rádio Vozes, emissora online criada pela jornalista Patrícia Palumbo, especializada em rádio, música e meio ambiente.

Palumbo foi pioneira na cobertura de temas ambientais no radiojornalismo de São Paulo, na Rádio Eldorado. Chamorro seguiu seus passos e mergulhou fundo na pauta. “O sócio e o ambiental não podem andar separados”, defendeu a apresentadora do programa Vozes do Planeta na sua primeira edição. O jornalista especializado em mudança do clima Claudio Angelo participa do programa desde o início.

Na edição 123, que foi ao ar na terça-feira da semana passada, Paulina Chamorro conversou com a advogada Dani Leite, criadora da plataforma Comida Invisível de conscientização sobre o desperdício de alimentos. Engajada na luta ambiental, Chamorro informa para conscientizar. E deixa claro seu lado, o do ambientalismo.

O jornalismo praticado no podcast Vozes do Planeta cumpre uma função pedagógica que “diz respeito à explicitação das causas e soluções para os problemas ambientais e à indicação de caminhos (que incluem necessariamente a participação dos cidadãos) para a superação dos problemas ambientais” (BUENO, 2008, p.110).

Atenta à participação dos cidadãos, na edição anterior (122) Chamorro ouviu representantes do Movimento Salve Maracaípe e do Instituto Biota da Conservação sobre o óleo que toma conta das praias da Região Nordeste desde o final de agosto. Como jornalista, já percorreu toda costa brasileira. Em março, ajudou a fundar a Liga das Mulheres pelos Oceanos.

Cientistas e ativistas são as vozes de um Brasil engajado na luta ambiental que a jornalista chilena radicada no país entrevista no seu podcast. Na edição 121, que foi ao ar no dia 3 de outubro, por exemplo, Chamorro conversou com Iago Hairon, um dos coordenadores do Engajamundo, e no programa anterior (120) um dos entrevistados foi o glaciologista Jefferson Cardia Simões.

O radiojornalismo socioambiental praticado há mais de duas décadas pela jornalista e ativista Paulina Chamorro procura mobilizar o público por meio de histórias de vida. O formato de entrevista do seu programa possibilita uma pluralidade de vozes nem sempre presente no jornalismo brasileiro. O seu trabalho é um exemplo para os jovens que estão descobrindo a magia do rádio por meio dos podcasts disponibilizados nos serviços de streaming.

Referência:

BUENO, Wilson da Costa. Jornalismo ambiental: explorando além do conceito. In: Jornalismo ambiental: desafios e reflexões. GIRARDI, Ilza Maria Tourinho; SCHWAAB, Reges Toni (orgs.). Porto Alegre: Dom Quixote, 2008. p. 105-118.

*Roberto Villar Belmonte é jornalista, professor e pesquisador dedicado à cobertura ambiental. Membro do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS).
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