
Por Carine Massierer*
Se as crianças são o futuro do nosso país e seguem sendo educadas desconectadas da natureza, desvinculadas das matérias primas naturais e não conhecendo os processos de produção, como exigir delas uma conexão para a preservação ambiental? Em paralelo, a midiatização acaba por promover o distanciamento das relações sociais e cada vez mais temos a informação vinculada ao que as mídias virtuais nos entregam.
E o que tudo isso tem a ver com a COP 30? Se o futuro do Brasil e das crianças não está na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, onde ele pode estar?
Em 11 dias o Brasil comemorou ser sede dos 30 anos da COP em uma edição especial por acontecer na Amazônia, destacando a importância da floresta para o clima global e por reunir contribuições de mais de 600 crianças de 12 países e quatro continentes, reforçando a urgência de incluir as novas gerações nas decisões climáticas. Representando o Rio Grande do Sul, o município de Estância Velha se fez presente, por meio de uma carta de sugestões com ações de combate aos problemas causados pelo fator climático.
Além do movimento infantil, Unicef e outras entidades representativas e ONGs, como o Instituto Alana, movimentaram os espaços de debate na Conferência e também as mídias virtuais para chamar a atenção dos governantes e da Imprensa.
A imprensa não ficou de fora: o Correio Braziliense, Agência Brasil, O Globo, CNN Brasil, TVT News, G1, Band, Folha de São Paulo. Todos estes veículos noticiaram esta edição da Conferência como a mais significativa no que se refere a manifestação pública pela necessidade de garantia de direitos às crianças frente aos agravamentos das vulnerabilidades em contextos de emergências climáticas.

No entanto, a matéria da Folha de São Paulo mostra o contraponto dos demais textos, apresentando a manifestação de ONGs que lutam pela cidadania das pessoas mais vulneráveis. As crianças estão entre as principais vítimas, de acordo com estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que alerta para o fato de que seis de cada dez crianças brasileiras já sofrem os impactos das mudanças climáticas.
Segundo as fontes do texto da Folha, dos 50 mil credenciados na COP 30, apenas 100 eram crianças e adolescentes que estavam presentes por força da sociedade civil. Isso descortina o fato de que se as crianças estão entre as principais vítimas das emergências e precisam ser prioridade neste debate.
Assim, a COP 30 além de ser o evento mais importante destas duas semanas no Brasil e de ter a imprensa reverberando de alguma forma a presença das infâncias, os governantes precisam refletir e agir rapidamente fazendo com que as políticas públicas e a educação deste país estejam preparadas para as emergências climáticas.
*Carine Massierer é jornalista, assessora de Comunicação, mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS e integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental
