Quando há vontade política, há mitigação ambiental

Por Carine Massierer*

A vontade política pode não conseguir, sozinha, recuperar a destruição do meio ambiente ocasionada pelas mãos humanas, mas, com certeza, pode contribuir para a mitigação de danos ambientais. A decisão de editar um decreto para reconhecer estado de emergência climática em mais de mil municípios mapeados como mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas foi anunciada pela ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, ao visitar áreas atingidas por alagamentos em Manaus no dia 26 de março. Na capital do Amazonas, conforme registrado pela imprensa, as fortes chuvas fizeram com que 172 famílias ficassem sem acesso às suas casas. A postura da ministra gerou grande repercussão na imprensa, ao manifestar que o governo federal debate internamente decretar estado de emergência climática em cerca de 1.038 municípios mapeados como mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.

Imagem: Captura de tela do site do Jornal do Brasilem 29 de março de 2023. Governo estuda decretar emergência climática permanente em mil cidades (jb.com.br)

A matéria foi publicada em periódicos impressos e online como o Jornal do Brasil, Gazeta do Povo, Correio Braziliense, Bem Paraná, assim como em empresas televisivas como o Canal Rural. O site de jornalismo independente, Headline, também destaca o anúncio da ministra, mas com um novo olhar (Quase 20% das cidades brasileiras podem entrar em estado de emergência permanente devido ao clima | HEADLINE), propondo uma ampliação da pauta e dando destaque ao decreto de estado de emergência permanente devido ao clima. O veículo aponta que não estão apenas sendo pensadas ações paliativas às consequências das mudanças climáticas, como tem acontecido em relação às estiagens em estados do Sul do país e às excessivas chuvas no Mato Grosso, Acre, Ceará e outros.

Na matéria do Headline, consta que o objetivo da medida seria permitir obras preventivas nos 1.038 municípios e que os projetos seriam de prevenção para médio e longo prazo.

Assim, vemos, na prática, que a repercussão na mídia mostra a importância da ação política com vistas à mitigação climática. Através de enfoques mais amplos e elaborados, a exemplo do Headline, identificamos que a pauta pode indicar, ainda, que não basta mitigar efeitos. Nesta linha, percebe-se que comunicação e jornalismo de qualidade podem contribuir para a clareza de que as mudanças climáticas estão aí e exigem a tomadas de atitudes urgentes e eficazes dos seres humanos.

*Carine Massierer é jornalista, mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS e integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS).

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