Quando o invisível ambiental vai saltar aos olhos?

Imagem – Captura de tela do Google para a Semana do Meio Ambiente em notícias (semana do meio ambiente 2021 – Pesquisa Google )

Por Carine Massierer*

Porque a pauta ambiental não pode ser permanente? Será que já não é hora de fazer com que a invisível pauta ambiental se torne tema permanente de debates e publicações na imprensa, pois o caos é iminente, as mudanças ambientais e seus reflexos assim como da destruição da natureza já são sentidos por todos os seres humanos?

Todas essas perguntas vêm à mente ainda mais quando se aproxima mais uma Semana do Meio Ambiente. O Dia Mundial do Meio Ambiente – 5 de junho – foi criado em 1972 e tem por objetivo conscientizar a respeito da importância de preservar os recursos naturais, no entanto, apesar de ser uma grande conquista, esta preocupação deveria estar permanentemente em pauta nas ações dos cidadãos, nas prioridades políticas, na gestão das cidades e na imprensa.

O que se percebe na Semana do Meio Ambiente é uma enxurrada de notícias e de eventos, comemorações ou atividades institucionais e empresariais sendo divulgadas como “produtos”. Fica evidente um esforço coletivo em “marcar a data” e a consequente inundação, na internet, de matérias sobre isso.

A proposta requerida pelo Grupo de Pesquisas em Jornalismo Ambiental, há anos, e defendida por pesquisadores e jornalistas ambientais é que a temática se torne permanente e que não tenha posição secundária na agenda diária ou seja relegada a movimentos sazonais, situações de desastres e catástrofes ou a periódicos segmentados.

Acreditamos que o papel do jornalismo ambiental deva ser o defendido por Loose (2010) de ajudar a melhorar a vida pública e promover a ação dos cidadãos em benefício da coletividade. “A questão ambiental é global, é pública e também cidadã, por isso se aproxima tanto do jornalismo cívico” (LOOSE, 2010, p. 34).

E por isso é preciso ir além de uma cobertura factual ou programada, como ressalta Girardi e outros (2012) e que incorpore um novo fazer jornalístico que tenha ênfase na contextualização, na pluralidade de vozes, na incorporação do saber ambiental, que leve em conta e se aproxime da realidade do leitor, que seja comprometido com a qualificação da informação e que tenha responsabilidade com a mudança de pensamento, além da incorporação do princípio da precaução (GIRARDI e LOOSE, 2017).

Referências:

LOOSE, Eloisa Beling. Jornalismo ambiental em revista: Das estratégias aos sentidos. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Informação) – Programa de Pós Graduação em Comunicação e Informação – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.

GIRARDI I. M. T.; SCHWAAB R.; MASSIERER C.; LOOSE E. B. Caminhos e descaminhos do jornalismo ambiental. Comunicação e Sociedade, v.34, n.1, p. 131-152, 2012.

GIRARDI, I. M. T.; LOOSE, E. B. O Jornalismo Ambiental sob a ótica dos riscos climáticos. Interin. Curitiba, v. 22, n.2, p. 154-172, jul./dez., 2017.

*Carine Massierer é jornalista, mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS e integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS).

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