Por Alberto Luiz Silva Ferreira*
Este texto tem como base de reflexão material escrito por Nathália Gameiro, em 10 de outubro de 2022, em alusão ao Dia Mundial da Alimentação: não deixar ninguém para trás, do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) da Fiocruz Brasília. Na data em que se comemorou o Dia Mundial da Alimentação no dia 16 de outubro, a reflexão deveria também ser sobre como a Amazônia, uma região rica em variedade e diversidade de espécies vegetais e animais pode contribuir para a erradicação da fome do planeta. A data está ancorada em quatro pilares: melhor nutrição, melhor produção, melhor ambiente e melhor qualidade de vida e foi escolhida para lembrar a criação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em 1945. A partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Dia Mundial da Alimentação de 2022 traz o desafio da redução das desigualdades, incluindo a segurança alimentar e nutricional do mundo. O consumo de produtos oriundos da floresta amazônica ainda se apresenta de uma forma bastante restrita aos moradores tradicionais da região e, na atualidade não chega nem mesmo a representar um fator positivo para a sustentabilidade da segurança alimentar para os nativos. E esses produtos estão distribuídos de forma bastante variada nos reinos animal e vegetal em toda a vasta extensão territorial que engloba o bioma amazônico. A exuberância da floresta com seus rios caudalosos, sempre apresentou para as populações exóticas uma impressão de fartura inesgotável, ledo engano. Na floresta tanto animais como vegetais possuem seus ciclos naturais de produção e reprodução, assim como locais apropriados para sua existência. O aumento da exploração e exportação dos recursos naturais utilizados como alimento fora da região colocou em risco a própria segurança alimentar da população regional, pois toneladas de pescado são exportados a cada ano para as demais regiões do Brasil, sendo que essa captura além do fato da retirada do produto ainda possui como efeito paralelo o desperdício de pescado não comercializável que é descartado, não permitindo a recuperação natural dos cardumes; as carnes de caça de animais silvestres já há algum tempo entraram no rol dos produtos proibidos pois a captura foi tão intensa e descontrolada que praticamente dizimou as populações de espécies comestíveis. A floresta amazônica não tem a capacidade de alimentar de maneira satisfatória a população humana que hoje se abriga em seu território. Contudo, essa floresta tem a capacidade de contribuir com uma variedade de produtos de origem vegetal e animal que dela tem origem. Finalizo minha breve reflexão aproveitando artigo sobre a utilização da semente do cupuaçu como um produto alternativo a amêndoa do cacau, encontrado no site do G1. Isso representa uma iniciativa inovadora tanto no campo alimentar como na produção de renda para a população regional, pois o cupuaçu até recentemente tinha como aproveitamento apenas sua polpa de sabor inconfundível para a produção de sucos e sorvetes. Suas amêndoas que correspondem a metade do seu peso eram descartadas no processo de produção da polpa. Da região amazônica apenas a polpa do açaí ganhou destaque de consumo fora da região em razão de sua popularização junto ao público praticante das academias de fitness, outras frutas regionais que oferecem sucos deliciosos como a bacaba, patauá, buruti, taperebá, têm seu consumo restrito a região e a população de mais idade. O jornalismo ambiental portanto, vai muito além das matérias oportunistas, educação e sensibilização devem ser sempre o foco de sua orientação.
*Doutorando pelo PPGCOM, DINTER UFRGS/UFAM. E-mail: ferreiraalberto2009@gmail.com
Referências
Nathália Gameiro, em 10 de outubro de 2022, em alusão ao Dia Mundial da Alimentação: não deixar ninguém para trás, do Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin) da Fiocruz Brasília Cupulate: o desafio do ‘primo’ do chocolate que pode ajudar Amazônia, segundo pesquisadores. Por BBC em 09/10/2022 15h52 texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62665457